Churrascom
Pois é cambada, sábado "fumos" ao churrascom,
evento social-acadêmico que piora a cada edição. Esta começa assim... Depois
de almoçar um pratão de strognoff de carne me dou conta que creme de leite,
carne, tequila, caipirinha, cerveja e suco gástrico não costumam se misturar
muito bem, mas eu nunca mais saio de estômago vazio quando vou pra um churrasco
da faculdade (já aprendi minha lição). Fico na indecisão entre vestir uma
bermuda ou uma calça, opto pela segunda. Vinte minutos depois, posso ser visto
dentro de meu carro-sauna amaldiçoando-me pela infeliz escolha. Chego no
churrascom perto das três da tarde, hora que geralmente as pessoas já estão
entrando no primeiro estágio da embriaguez e pode-se assistir de camarote (ou
seja, com o estômago ainda cheio do almoço) os primeiros embates para
conseguir um minúsculo pedaço de linguiça crua num pedaço de pão.
Mas para a minha surpresa tem uma meia dúzia de gatos
pingados (sendo que vários desconhecidos, pelo menos pra mim), nem o dono da
casa estava lá. A churrasqueira ainda não foi armada, não tem gelo e ,consequentemente,
não há bebida gelada de espécie alguma. Fico junto com a galera do meu
período, sras Paula e Sarah já estão lá. Meia hora mais tarde chegam os
sacos de gelo e decidem armar a churrasqueira, decisão esta última, bastante
influenciada por uma galera que saiu defumada de um quartinho fechado com os
olhos idem. Minutos depois a Sarah decide arriscar beber uma cerva que
obviamente ainda está quente. No rádio tá tocando uma música desconhecida
dos Titãs que lembra as musiquinhas de baile de high-school americana, nessa
altura estou pensando seriamente em ir embora, até porque ainda não havia pago
o churrasco mesmo, mas como a Aline pagou eu decido esperar mais um pouco. Lá
pelas 4:40, misteriosamente aportam umas vinte pessoas, incluindo aí a galera
que faltava do nosso período. O churrasco começa a engrenar, com três horas
de atraso.
17:30 - Bebo minha primeira cerva e descubro que estão
preparando caipirinhas lá nos fundos, vou até lá e preparo uma pra mim e
outra Aline. No tal quartinho escuro rola uma alta rotatividade de pessoas
entrando e saindo, penso que talvez devessem por uma porta rotativa pra
facilitar o tráfego. Minha consciência pesada por estar bebendo sem haver pago
desaparece na proporção inversa ao efeito do alcóol no meu organismo. Decido
entrar na luta para pegar um pedaço de carne, me ponho de sentinela ao lado da
churrasqueira até conseguir. Já são seis e pouco, e o churrasco continua
chato. Encontro o meu período quase que inteiro lá nos fundos perto do
"bar", sou obrigado a preparar outra caipirinha pra mim, e de boa
vontade ainda preparo mais umas 3 pra galera. Paulidia nos dá adeus, não sem
antes reclamar mais um vez de como não aguenta mais o pessoal da faculdade.
Já vendo estrelas me encaminho pro banheiro e, quando volto,
esbarro em alguém que segura discretamente uma garrafa de tequila gold, cobro
um pedágio, chamo a Aline, descolo sal e limão e é aquela alegria Como
não tenho saudades do meu almoço, decido parar de beber. Começo a me
hidratar, tomo quase um galão d'água e mais uns copos de refri.
19:15 - já estou oficialmente de saco cheio, sento no sofá
e espero começar a sentir minha boca de novo. Do quartinho fechado continuam
saindo pessoas com os olhos idem, na sala bebâdos dançam uma música do
Michael Jackson. Olho para Sarah que não está com uma cara muito contente,
imagino que o Ricardo (namorado dela) deva estar ainda mais puto que ela.
20:00 - me acho em condições de ir embora, me despeço dos
meus amigos, saio sem pagar o churrascom pela segunda vez e vou diretamente
assaltar a geladeira da Aline.
